domingo, 22 de março de 2015

#01 - O dia em que tentaram "passar a perna" em mim.


O dia em que um japonês tentou passar a perna em um brasileiro.

Foi a primeira imagem que encontrei em "passar a perna".

Depois de quebrar a minha cabeça no trem pensando em qual seria a primeira postagem desse blog, lembrei desse caso que aconteceu há quase quatro anos atrás, na oficina da minha família. Então, sem mais delongas, á primeira crônica do blog.
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Eu tinha onze anos de idade na época. Meu pai havia saído para comprar peixes e fazer o jantar, e como meu irmão mais velho ainda estava no colégio e minha mãe estava resolvendo negócios dos quais não me recordo. Em suma, o velho me deixou cuidando a oficina e loja de bicicletas.
Meu trabalho era simples; quando chegasse algum cliente querendo buscar a bicicleta da oficina, eu pegava a descrição da bicicleta e o entrgava, se aparecesse alguém querendo comprar, eu mostrava o lugar onde as que iam a venda ficavam, e o deixava lá até o meu pai voltar.
"Espera, você entregava as bicicletas sem nota fiscal?!"
Sim, no começo não faziamos isso, mas ao longo dos anos a loja passou a ter mentalidade mais japonesa, de confiança.

Voltando a história, eu estava na frente do balcão, jogando no meu GBA, quando entrou um japonês na loja. Digo, eu acho que era japonês. Na época eu não sabia diferenciar japonês-coreano-chinês; por isso eu acho que era japonês.
Pois bem, eu automaticamente me levantei, coloquei meu videogame no chão e dele, e num japonês extremamente sotaqueado, falei:

"Boa tarde, no que posso te ajudar?"
O cara sorriu e falou;
"Boa tarde, é que eu encomendei uma bicicleta e paguei adiantado na semana passada, então eu vim pegá-la, pois o dono da loja me ligou para avisar que ela chegou. É uma Dogma (Não me lembro dos detalhes dela, mas era uma Dogma de corrida), pode me entregar, por favor?"

Acontece que naquela época, por conta tanto de estar no país a relativamente pouco tempo, tanto por ser aquele típico estrangeiro que não conseguiu se adaptar no país, eu não confiei nem um pouco naquele cara, por quatro motivos;

1. Antes de falar, ele ficou olhando algumas bicicletas, nenhuma da marca que ele pediu.
2. Ele sorriu quando meu ouviu falar que só havia eu na loja.
3. Ao invés de esperar o meu pai chegar, ele foi logo falando sobre uma das bicicletas mais caras da loja e de que já havia pago.
4. Meu pai nunca havia feito esse tipo de negócio.


Eu podia ser uma criança, mas não era burro, e sim extremamente desconfiado. Foi quando eu começei a questionar o homem.

"Meu pai não me falou nada sobre isso, pode esperar até ele chegar?"
"Desculpe garoto, eu estou com pressa para chegar em casa."
"É que eu não sei mexer no sistema da loja. Normalmente quem cuida da loja é o meu pai e o meu irmão mais velho. Pelo menos um dos dois não vai demorar. Pode esperar só quinze minutinhos?"
"Relaxa, menino. Não precisa de nota fiscal e nem nada do tipo, é só me dar a bicicleta."
"Olha senhor, eu não vou fazer isso. Fiquei a vontade e tudo mais, mas espero o meu pai, droga."
Sim, eu era bem cabeça-quente naquela época.

Depois disso o homem ficou bravo, saiu da loja e nunca mais voltou para a loja. No começo eu fiquei com medo de que ele estivesse falando a verdade e que fizesse algo contra a loja, mas no final acabou que ele estava tentando "passar a perna" em mim realmente.

Normalmente em lojas "familiares", como é o caso da oficina dos meus pais, existe essa grande confiança entre o dono da loja e o cliente; já que normalmente trabalham apenas uma ou duas pessoas nesse tipo de loja, e os japoneses são o povo honesto, por isso acho que se eu não tivesse mentalidade brasileira, teria entregado a bicicleta e recebido um prejuízo consideravelmente grande.

É, por mais honesto que seje o povo, sempre vai ter alguém querendo enganar os outros.



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